sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O Mundo de Sofia



Sofia parou um instante no passeio de saibro. Tentou concentrar todo o seu pensamento no fato de existir, a fim de esquecer que um dia deixaria de existir. Mas não conseguia. No mesmo instante em que se concentrava no fato de existir, pensava também que um dia morreria. E o mesmo ocorria ao contrário: só quando sentiu intensamente que um dia desapareceria é que pôde entender exatamente o quanto a vida era infinitamente valiosa. E quanto maior e mais clara era uma face da moeda, tanto maior e mais clara se tornava a outra. Vida e morte eram os dois lados de uma mesma coisa.

Não se pode experimentar a sensação de existir sem se experimentar a certeza que se tem de morrer, pensou. E é igualmente impossível pensar que se tem de morrer sem pensar ao mesmo tempo em como a vida é fantástica.

Sofia lembrou-se de que sua avó dissera algo semelhante no dia em que soube de sua doença. — Só agora entendo o quanto a vida é rica — foram suas palavras.

Não era triste que a maioria das pessoas tivesse primeiro que ficar doente para só então entender o quanto a vida é bela?

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